quarta-feira, 31 de outubro de 2012

#Somos Todos Guarani-Kaiowá!



O que está acontecendo com os índios da etnia Guarani-Kaiowá?
Tudo começou quando os índios da etnia Guarani-Kaiowá na cidade de Iguatemi, a cerca de 460 km de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, cansados de serem cercados e terem suas terras invadidas pelo constante crescimento do agronegócio na região, somado a morosidade da justiça em tomar uma decisão, decidiram retomar parte do tekoha (território sagrado) Arroio Koral, localizado no município de Paranhos.
No dia 10 de novembro cerca de 400 indígenas haviam montado acampamento no território reclamado pelos proprietários da Fazenda Cambará, poucas horas depois, pistoleiros invadiram o local levando medo e terror para homens, mulheres e crianças. Essa ação resultou em muitos índios com ferimentos leves, e levou ao desaparecimento do Guarani Kaiowá João Oliveira, que não conseguiu fugir em meio ao desespero gerado. A confusão cessou apenas com a chegada da Força Nacional obrigando os pistoleiros a dispersarem e fugirem.
Porém sob ameaças de despejo das suas terras, e mesmo com medo de uma nova represália dos fazendeiros, os índios voltaram e novamente armaram seus acampamentos pela luta de seu território, e para mostrar sua disposição na resistência escreveram uma carta para a justiça brasileira no mês de Outubro de 2012, que ecoou na mídia e principalmente na web, inclusive alcançando repercussão internacional, a carta é um claro grito de resistência quando a morte parece ser o destino de todo um povo:
“A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas?? Para qual Justiça do Brasil?? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. (…) De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários dos nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali estão os cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui.”
Na íntegra do texto da carta dizem que, após anos de luta, o grupo já perdeu as esperanças de sobreviver “dignamente e sem violência” na região onde, estão enterrados seus antepassados. Informam, em tom de ameaça, que decidiram “integralmente não sair com vida e nem mortos” e pedem que, se for determinado que eles saiam da área, governo e Justiça que enviem “vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar” os corpos.
Devido a grande repercussão que o caso ganhou, a Funai em tom de justificativa, ressaltou suas ações de regularização das terras indígenas e o caráter prioritário dos processos de regularização fundiária nas terras Guarani-Kaiowá, que já se encontram em estágio avançado do procedimento administrativo de demarcação, segundo o órgão.
Enquanto isso os índios sofrem assédio dos fazendeiros e ameaças constantes, dia 24 de novembro a índia M.B.R se dirigia do tekoha Pyelito Kue para o centro urbano de Iguatemi, entrou numa fazenda chamada São Luis e lá oito pistoleiros aguardavam a indígena, que passou a ser violentada sexualmente. A ocorrência foi registrada na delegacia do município e conforme um agente da Polícia Civil, a indígena realizou exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Naviraí. Conforme Líder Lopes, a indígena encontra-se assustada e pouco consegue falar. O medo cerca o acampamento dos Guarani-Kaiowá, e eles seguem resistindo com a convicção de morrer pelo seu território por direito.
É preciso tomar um lado nessa discussão, o silencio dos estudantes fortalece a impunidade e os fazendeiros, nós da ANEL estamos com os índios Guarani-Kaiowá, nesse momento é preciso unificar os estudantes para exigirmos que o governo Dilma intervenha em favor dos indígenas, prendendo os responsáveis por essas atrocidades.
O movimento estudantil deve estar ao lado dos oprimidos e explorados, fortalecendo a luta por uma sociedade justa, não aceitamos o massacre dos índios. O grito de desespero dos Guarani-Kaiowá é mais um entre centenas de outros povos indígenas no mundo. Por isso hoje o grito “somos todos Guarani-Kaiowá” representa nossa indignação, é um exemplo de resistência desse povo heróico, que mesmo com constantes massacres desde o “descobrimento” do Brasil insisti em resistir até hoje.

#somostodosguaranikaiowá